“Vamos falar a verdade pra você!!!” (Cidade Negra)

Author: Jah Bless /




Pois é, esta é a filosofia reggae. Ao contrário do que as cabeças preconceituosas pensam e as línguas ferinas propagam, reggae não é música de drogado, som  de maluco-maconheiro nem de apologia às drogas. Reggae é manifesto, compromisso, denúncia, conscientização. Suas letras  falam das mazelas sociais; dos desmandos políticos e da corrupção reinante – “de quem é a culpa, da miséria do nosso Brasil?” (Filosofia Reggae – “De quem é a culpa”). Já há muito alertam para os problemas ambientais e a degradação da natureza – “Não, não mate as matas; não , não desmate a Mata Atlântica” (Nengo Vieira – “ Mata Atlântica”).
O Reggae aproxima o homem de seu criador: JAH ( JEOVÁ = JAVÉ = DEUS). A temática religiosa sempre está presente, sem afetações e proselitismo, tampouco discurso separatista.  O verdadeiro reggueiro respeita a fé e a crença alheia; não se acha superior a ninguém  mas sabe o seu valor e não se permite ser subjugado, menosprezado e humilhado por quem quer que seja.
O reggueiro ama a natureza; acorda cedo pra ver o sol nascer e se emociona contemplando o pôr-do-sol.  Curte mergulho em rio, banho de cachoeira, caminhada em trilha – “que tal dar um rolé na aldeia, por o pé na areia, que tal mergulhar? Lá tem um rio de águas calmas...” (Tribo do Sol – “Águas Calmas”) e sentar ao redor da fogueirinha, numa noite de luar, com amigos-irmãos  e um violão.
Ser reggueiro é uma atitude que vai muito além de deixar crescer os “dreads” (aquelas tranças) e usar camiseta com a figura de Bob estampada. Sua postura  é pacificadora, sem ser contudo omissa ou inerte. A guerra, pro reggueiro, é uma conseqüência das desigualdades – “Enquanto os irmãos na terra, morrerem de fome e de sede, haverá GUERRA” (WAR – Bob Marley). A voz do reggueiro e a música reggae, são suas armas!.
O reggae é simples em sua essência, profundo em sua mensagem – “Não te trago ouro, porque ele não entra no céu, e nenhuma riqueza desse mundo” (Chimarruts – “Versos Simples”). A justiça é outro tema constante, vezes  abordado como uma utopia, um desejo ardente, algo  “inalcançável” mas insistentemente buscado; outras como a esperança que só encontra arrimo Naquele que é o único capaz de faze-la , verdadeiramente: JAH.
Pois bem: Tem “maconheiro” que curte reggae assim como tem também “cheirador”  que ouve arrocha; ou seja, nem todo reggueiro  é maconheiro; nem todo arrocheiro (será que é assim que se diz?) é cheirador de pó, pô!  Tem sambista que não vive sem sua “gelosa” mas ninguém sai por ai dizendo que todo sambista é cachaceiro. Tem pagodeiro que foi preso sob a acusação de ter envolvimento com a galera do tráfico de drogas e de armas ; nem por isso vamos generalizar e rotular todo pagodeiro é traficante e corno (ops!!!). Enfim, toda forma de preconceito é reprovável e inaceitável.


Vale ainda lembrar que a ganja (ela mesma, a erva) , para o rastafarianismo (religião rasta), tem uma conotação religiosa espiritual e naturalista, não é simplesmente uma "curtição" inconsequente e irresponsável. Bob não fumava tão somente para "curtir um barato".
Assim, se aquele seu amigo gosta de “dar um tapa na pantera” , “pitar um cigarrinho do capeta”, “fazer o cabeção” , pode ser que ele nem goste de reggae, não é mesmo? Então, se ligue: reggae é muito mais que simplesmente um “som de viagem”,  é um estilo de vida – não confundam com uma “vida estilosa” (=simples imagem, estereótipo,desempenho fulgaz de um personagem  que usa   batas coloridas, sandálias de couro, dread, diz que é rasta e pensa que é reggueiro). Reggae é coisa séria! É um “compromisso profético”, que desaloja, inquieta e desata aquele nó na garganta; que te faz gritar, denunciar em alto e bom som, com lirismo e ritmo:”eles herdarão as ruínas, da Babilonia... até o chão fugirá dos seus pés, ruirá com eles a sua grandeza” (Tribo de Jah – “Ruínas da Babilônia”).  Tenham todos uma excelente semana. Paz! JAH bless, sempre.

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