O reggae profético de Nengo Vieira

Author: Jah Bless /


Djalma Ramos Vieira, conhecido como Nengo Vieira, nasceu na Cidade de Cachoeira, situada no recôncavo baiano, lugar onde também nasceu outro grande expoente do reggae nacional, Edson Gomes. A música sempre esteve presente em sua vida e desde cedo passou a tocar em bailes, acompanhando vários artistas a exemplo de Tribo de Jah, Edson Gomes, Lazzo, dentre outros. Junto com a paixão pela música, herdou o amor pelo reggae e adotou o estilo rasta quando conheceu o som de Bob.
Nesta mesma época, passou a usar a ganja. Sua carreira solo “decolou” com o som roots que o consagrou e, tal como Edson Gomes, se apresentava como sua “assinatura musical”. Seu reggae sempre teve uma forte temática religiosa, e como viria a definir mais tarde, “evangelizadora”.
Nengo faz parte da crescente e renovada  galera das artes que converteu-se ao evangelho e, sem abandonar a carreira mas dando à mesma uma repaginada e uma nova roupagem, abraçou uma religião, ingressou em uma igreja e partiu para dar seu testemunho através da música que o consagrou outrora e arrebatou uma legião de fãs, quando ainda era um “pecador inveterado”. O “Nengo”, convertido e pregador,  permanece atento e questionador; sua voz não se calou, nem seu coração mudou o discurso. Ele ainda fala do sofrimento do homem, escravizado e diminuído pelos seus pares; da destruição da natureza, da fome de justiça e da miséria moral.
Nengo é coerente e verdadeiro! Não colocou, simplesmente, uma Bíblia embaixo do braço e saiu por aí alardeando a sua salvação e envaidecendo-se de sua conversão enquanto condenava todos os demais “infiéis” ao fogo eterno. Sua inquietação e seu compromisso já eram sentidos no forte apelo profético de suas letras, desde a primeira banda, “Remanescentes”, lá no início de sua carreira. O “cara” sempre levou a sério a responsabilidade de sua mensagem e, quem antes curtia seu som, não viu sectarismo nem exageros em sua versão “crente”; ele continua sendo a voz dos excluídos e JAH continua sendo o seu ideal.
A conversão do “irmãozinho” deu, com certeza, um upgrade em sua vida e no seu som. O “figuraço” deixou de pitar kaya-erva-danada - e isso, sem dúvida alguma, é massa, tudo de bom, saúde e responsabilidade; provando que pra fazer um bom reggae não precisa jogar fumaça pra dentro da mente, temos sim, que tirar a “fumaça” que embaça a nossa consciência e obstrui a nossa visão do mundo, impedindo-nos de identificar as safadezas, os safados, seus comparsas e seus capachos. Temos sim, que botar pra fora a “fumaça” que nos engasga e emudece, para que possamos gritar, sempre e claro, denunciando as mazelas sociais e suas violências, a corrupção e os seus corruptores.
“Nengo continua sendo Nengo” e JAH continua abençoando seu trabalho e falando através de sua música.  Que Jah abençoe nossa semana e todas as pessoas que amamos. JAH bless.

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