O tempo não perdoa. Não dá uma
“trégua”. Não para, jamais. E a medida que ele passa o “nosso tempo” restante
diminui e o acumulado “engorda”, trazendo-nos a inexorável “velhice dos anos idos”.
Aqui vale um parêntesis : a velhice a que me refiro é a velhice do corpo, dos
cabelos grisalhos, da barba branca, da visão “curta e cansada”, do “excesso da
falta de cabelos”, etc ... Uma velhice que não alcança a alma nem enferruja o
pensamento, não embaça as emoções nem turva a compreensão do mundo que nos
cerca, não nos rouba o sorriso e, muito menos, a vitalidade, ânimo e
determinação para continuar vivendo, e muito!!!
A música tem um papel
determinante nesta “formolização” - me
permitam o neologismo: formolização = ato
de conservar-se como se no formol tivesse sido imerso (putz!) – já
repararam como os músicos parecem “envelhecer” mais lentamente? E ainda, quando
envelhecem é só “a casca”. Estamos cheios de velhinhos saltitantes e
energizados, empunhando suas guitarras, tocando suas bateras, compondo e
cantando “pra dedéu”!!!
A música , se não rejuvenesce,
com certeza relativiza a velhice. A “velha guarda da mangueira” é sinônimo de
vitalidade, alegria e exemplo de que aos “setenta e lasca” a vida no samba tá apenas
começando.
Pergunte a Mick Jager e Keith
Richards (Stones) se eles acham que já está na hora de parar, “pendurar as
chuteiras” , ou melhor, as guitarras, e
sentar-se de pijama na cadeira de balanço, com “a boca escancarada, cheia de dentes,
esperando a morte chegar”, envenenando-se, lentamente, com o besteirol global-televisivo de Malhação, Avenida e outras
idiotices mais, que insistem em chamar de programação (só se for programação de
“emburrecimento” da mente).
Perguntem a Gil e Caetano, se já
se sentem cansados o suficiente para ceder aos caprichos do tempo e decidirem
trancafiar suas composições, harmonias e pensamentos, no mais profundo do seu ser, onde
não se possam alcançar as mágicas mensagens de suas consagradas e exuberantes
poesias.
Por certo, o músico não vislumbra
o fim, mas sim, persegue com sua obra o
infinito, no valoroso afã de ver-se perpetuado ad eternum, pelas sementes que
seu dom semeou nos corações e mentes do
povo.
Com o tempo, certas músicas se
tornam melhores, tal como o bom vinho.
Certamente diante da involução cultural e artística que vem se instalando, dia
após dia, com composições “ricas” de idiotices cantadas, harmonias capengas,
letras débeis, interpretes que mais parecem
adoentados, acometidos de uma forte obstrução das vias aéreas, tal o
irritante e nada original som anasalado de um voz pobre e previsível, chorosa e
gaguejante. Mas o verdadeiro artista, o
músico-real persiste, persevera, segue lutando para fazer sua arte ser vista,
ouvida, sentida e assimilada, nem que para isso ele consuma cada segundo de sua
vida, cada milésimo de segundo de seu tempo. Ah, o tempo...
O tempo também não para para o músico mas o que
importa, de verdade, é que o músico não pare no tempo, nem pare porque achem
que passou do tempo. Velho é aquele que se deixou alcançar pelo passar
dos anos e decidiu baixar guarda e desistir de seguir lutando. Velho é aquele
que perdeu a esperança e deixou calar a sua voz. Afinal, não existe nada melhor do que os bons
e velhos reggae, blues, samba, jazz e rock , não é mesmo? Que o digam Rolling Stones,
Martinho da Vila, B.B. King...
Quanto ao reggae, vale o exemplo da galera do
The Congos, com suas barbas e dreads grisalhos e a vitalidade de “meninos” que acabaram de “descobrir” a magia envolvente do ritmo
jamaicano. Curtam The Congos e comprovem, mais uma vez, que não existe idade
pra ser feliz e se fazer o que gosta, ainda mais quando se trata do “bom e
velho reggae”. Jah abençoe, sempre. Eternamente!
The Congos foi formado como um duo por "Ashanti" Roy Johnson (tenor) (n. Roydel Johnson, 1947, Hanover, Jamaica) e Cedric Myton (falsete) (n. 1947, Saint Catherine, na Jamaica), e mais tarde tornou-se um trio com a adição de Watty Burnett (barítono) (n. no início da década de 1950, Port Antonio, Jamaica).[1][2] Myton tinha sido anteriormente um membro do The Tartans no final da década de 1960 (juntamente com Prince Lincoln Thompson, Devon Russell e Lindburgh Lewis) e do grupo de Ras Michael, e havia gravado com o Royal Rasses de Thompson em meados da década de 1970.[3][4] Ele formou o Congos, inicialmente como um duo com Johnson, na gravação do single "At the Feast" de Lee "Scratch" Perry.[1] Perry transformou o grupo em um trio com a adição de Burnett, e essa formação gravou o clássico álbum de reggae de raízes Heart of the Congos, no estúdio Black Ark de Perry em 1977.[1] O álbum contou com backing vocals ilustres como Gregory Isaacs, The Meditations, e Barry Llewellyn e Morgan Conde do The Heptones.[4] O álbum foi descrito como "o álbum mais consistentemente brilhante de toda a carreira de Scratch". (Fonte - Wikipédia)
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