Finalmente! Estamos livres do
ufanismo canarinho, dos filósofos futebolísticos, dos experts em estratégias e
táticas para ganhar uma Copa. Graças a Deus, pra quem acredita e respeita, Ele
TARDA MAS NÃO FALHA e nesse caso, demorou um tantinho a mais e acabou por levar
a crer que “aquilo que chamavam de seleção”, poderia nos surpreender e sagrar-se campeã. Mas como Ele NÃO FALHA...
“Seleção” significa, escolha,
pinçar entre os iguais aqueles que são os melhores. Aqui entre nós, se aqueles
são os melhores, não quero conhecer os “mais-ou-menos” e prefiro nem saber quem são os piores, se é
que pode existir algo pior.
Ainda bem que acabou essa zorra
que só veio para desviar o olhar das mazelas reiteradas e corriqueiras, entorpecer
as mentes incautas e pintar de verde e amarelo o cinza da tristeza que
acompanha todos aqueles que sofrem desabrigados pelas enchentes no sul e
sedentos por causa da seca do nordeste.
Durante um mês algumas emissoras
de TV, rádios e até sites, deixaram de falar sobre os problemas brasileiros que
foram, ao longo desse período, varridos para baixo do tapete com o fito de mostrar
ao mundo um “país das maravilhas para gringo ver”.
Mas os rios continuaram a subir,
levando tudo que encontravam pela frente; casas, sonhos, vidas... Tirando famílias
de suas casas, colocando vaca em cima de poste. Os jovens seguiram matando e
morrendo; as crianças, as mulheres e os idosos continuaram sendo desrespeitadas
em seus direitos mais prementes e básicos; e pasmem, pessoas continuaram
morrendo em macas e corredores de hospitais por falta de atendimento médico
decente e em virtude do sucateamento da rede hospitalar.
Enquanto tudo isso continuava acontecendo, um “comentaristazinho
campeão em antipatia”, reclamava aos berros, externando sua indignação ante a
demora de atendimento médico em campo de um jogador de futebol, machucado em
uma disputa de bola. Ele não sabe o que é “demora”, ele não precisa do SUS.
Preocupados com as manifestações
contra o governo, a gastança desmedida e o superfaturamento de obras mal feitas
inacabadas da Copa, cercaram os acessos às praças esportivas, aumentando o
efetivo de policiais naquelas áreas enquanto o povo dos bairros e periferias
das capitais dos jogos, quedavam-se desprotegidos pelo estado nas mãos de
malfeitores que dominaram onde o poder público se fez ausento e inoperante.
Brasileiros choraram
compartilhando a “dor” de Neymar - Oh, tadinho!
Ele não ganha tanto para sofrer assim, né? – após ser atingido por uma “entrada
maldosa e violenta” que o deixaria fora da Copa mas não menos rico do que quando
fora convocado; sem falar que poroutro lado a “fratura” se mostrou oportuna,
uma medida salvadora, pois lhe garantiu a isenção de culpa pelo fracasso
vindouro.
Enquanto choravam pelo “ídolo” e
congestionavam as redes sociais com mensagens de “força, esperança e gratidão”;
famílias choravam lágrimas sentidas de uma dor muito mais lancinante e perene,
pela morte de seus entes queridos, filhos, esposa, pais, vitimados por uma
tragédia anunciada, previsível até, resultante de uma obra mal feita,
superfaturada, sem garantias de segurança ante a falta de fiscalização, tal
como devem ser as “licitações maracuteadas” , do toma lá da cá, dos favores e
favorecidos. Um viaduto caiu e com ele,
o “mundo” de muitas pessoas; e quase ninguém chorou por eles, estavam muito
absortos velando a dor nas costas do “camisa dez da seleção”.
Que bom que essa competição ridícula,
com fins nitidamente eleitoreiros e de encurralamento do povo cabrestado,
acabou. Ainda bem que não nos sagramos campões pois o primeiro lugar em uma
disputa esportiva não nos moveria para o topo onde se colocam aqueles que,
verdadeiramente, são os vencedores por superarem suas deficiências, diferenças
e dificuldades; Panteão onde estão e devem permanecer aqueles que promovem a
justiça, trabalham para o bem do povo, garantem uma vida digna, com trabalho,
saúde, segurança e educação para os seus pares.
Agora que fecharam as cortinas e
findou o “espetáculo”, é hora de cada um retomar sua realidade, viver
a sua vida e sofrer a sua dor. Ah, e não precisa mais chorar por Neymar ou
qualquer outro jogador da “seleçãozinha” , nem praguejar contra Felipão pois eles
também seguirão seus caminhos, mais ricos do que antes e pouco se lixando
para o que você acha ou pensa. No final,
assim como o Carnaval, outras Copas virão e durante um mês tudo de ruim será
esquecido, a sujeira irá novamente para debaixo do tapete e o povo brasileiro viverá
um sonho de, por um efêmero momento, achar-se superior, acreditando ser o
melhor do mundo. Eu amo meu país e me orgulho de ser brasileiro,
políticos e jogadores de futebol não me representam pois acredito que nós somos muito mais que “isso”. JAH bless. Tenham todos uma excelente semana. Curtam o Mestre Gil, "Nos Barracos da Cidade", atualíssima!!!
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