Passei um tempo recluso, “sem dar
as caras” por aqui. Usei esse tempo pra pensar um pouco mais, refletir
detidamente no que realmente importa e descobrir novas matizes na palheta de
cores variadas que a vida nos apresenta e que, na maioria das vezes, deixamos “passar
batido”.
Não pretendo viajar em “papo
cabeça”, aliás, não é essa a pauta de nossas postagens. Nosso assunto é música:
música boa; bons músicos; compositores de nossas “trilhas sonoras”; seres
iluminados e elevados, muitas vezes incompreendidos e na maioria das vezes não
reconhecidos.
“Pensando estava quando pensei”: Quantos
músicos de nossa cidade merecem o reconhecimento que nunca chegou ou que, se
existiu em algum momento, foi frio, frígido e efêmero; fugaz e interesseiro,
sem entusiasmo ou falseado?
Em meus devaneios, concluí: Por
que não, então, divulgar esses músicos, trazer ao público um pouco de sua
história, despertando no povo o respeito e a admiração, o carinho e o
reconhecimento puro e verdadeiro, por este nosso patrimônio vivo, indispensável
à vida e à felicidade.
Assim, daremos início a várias
postagens com a história e a obra, de nossos músicos, compositores,
instrumentistas; e o fazemos com EDU NETO; nome que por si só dispensa
comentários ante a notoriedade da importância do seu papel na nossa história
musical mas que, por isso mesmo, é matéria obrigatória pela sua obra e sua
personalidade.
Posso falar de EDU, inicialmente
como um professor; quando o conheci – nos encontros do Movimento de Cursilhos e
afins, ficava parado, olhos fixos, admirando e tentando “pescar” algumas “manhas”
daquele cara que “mandava super bem” no violão. Bases fortes, batida marcante e
percussiva; acordes “tronchos” (pra quem não é do meio, “troncho” é o mesmo que
“nota difícil pra caramba”, aquela de “arreganhar os dedos”, sacou?); solos
sobre a harmonia e uma facilidade impar de “fazer o povo cantar no tom”!!! Ah,
e como se não bastasse, EDU ainda cantava, e muiiiiiito bem.
Depois veio o curso de violão,
ministrado na subida da ladeira do café, hoje Rua D. Manoel de Paiva, no centro
da cidade. Não tinha como eu descer a ladeira, voltando do colégio ou mesmo
subir, quando ia pra aula, sem parar pra conversar e ouvir uma música executada
com maestria e perfeição por EDU. E lá ia eu para a Piedade, mais leve e feliz,
preparado pra encarar o stress das aulas de química, física e demais “sacais”;
ou ainda, descido a ladeira, de volta das aulas, “lá vinha eu”, mais calmo e relaxado.
E o tempo foi passando, nossos
laços se estreitando, eu comecei a aprender violão – não aprendi até agora, só enrolo; e minha admiração só aumentava. Descobri em
EDU NETO não só um grande músico mas também uma pessoa generosa, sem rancores,
sem pose; um compositor excepcional – letra, harmonia e melodia; um amigo,
grande pai de família e que já deixou representantes do seu legado: seus filhos
DANIEL e FLÁVIA. Tal pai, tais filhos.
E lá se vão... pensando bem, é
melhor não revelar o tempo, alguém pode querer fazer contas e seria deselegante
e desnecessário, revelar nossas idades, não é mesmo, EDU? O que importa é que você
é um ícone de nossa música, merece TODO O RECONHECIMENTO do povo e do Poder “despoderado-despudorado”
Público; você merece nosso carinho, admiração e aplausos; bem assim, nosso
agradecimento pelo que sempre fez pela cultura regional e mais ainda agora, com
o belíssimo projeto QUARTA AUTORAL, um espaço de valorização e divulgação do
artista local.
Por tudo isso, você foi escolhido
para abrir essa série de postagens sobre nossos músicos. Obrigado, EDU NETO;
que seus acordes continuem transportando nossos sonhos e sentimentos. JAH
bless, irmão.
Edu Neto é
natural de Ilhéus. Iniciou sua carreira musical na década de 1960 com o
conjunto Os Metralhas. Participou de outros conjuntos como o Ilhéus Show 5, Os
Cobras e Os Medalhões, este com músicos como Gilberto Sena, Autran Lima e Saul Barbosa. Participou do
Projeto Pixinguinha juntamente com os consagrados nacionalmente, Moreira da
Silva e Jards Macalé. Participou de vários Projetos Seis e Meia, como elenco e
como diretor musical. Realizou shows na Casa dos Artistas Na época em que era
presidente da Associação dos Músicos e Musicistas de Ilhéus produziu uma série
de shows, na casa dos artistas onde se apresentavam vários compositores do
Brasil interpretados por músicos de Ilhéus. Era o Projeto Nosso Músicos, onde
Edu Neto apresentou o show: Gilberto Gil - Sua Vida e Sua Obra. Realizou no
Teatro Municipal de Ilhéus vários shows. Entre eles: Rimas, Rimas 2; Nos Tempos
da Jovem Guarda e Nos Tempos da Jovem Guarda 2, ambos com Itassucy e Renato
Carvalho; Encanto; Prim com Scheila Anunciação; Cantererê; Bossa Eternamente
Nova e Navegando na MPB, ambos com os seus filhos Flávia Neto e Daniel (Gomes)
Neto.
Edu Neto é músico autodidata,
compositor e cantor, além de poeta. Também é professor de História, pós
graduado em História e Cultura Afro Brasileira e pós graduando em Ensino de
História, onde utiliza a música como instrumento de aprendizagem para os seus alunos
e faz uma reflexão sobre as influências da música das Áfricas na formação da
Música Popular brasileira. Faz parte do Clube do Samba onde freqüenta
regularmente, tendo composto uma das músicas em homenagem ao Clube. É autor,
juntamente com o compositor Sérgio Di Ramos e apoio integral de Paulo Rosário,
do Projeto Quarta Autoral, projeto voltado para a valorização dos compositores,
poetas, escritores, atores, artistas plásticos, humoristas, cineastas,
bailarinos, escultores, enfim, para todos os artistas ilheenses, radicados em
Ilhéus e região.
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