07 de outubro... domingo,
preguiça, repouso, curtindo um reggae, tomando uma cervejinha... Caraca!!! Hoje
é dia de eleição, até nisso esses políticos nos sacaneiam, né?
Somos OBRIGADOS, em nome de uma
falsa democracia (onde está a liberdade de não votar?) a sair do conforto e
aconchego do nosso lar; abdicar da companhia agradável e segura dos nossos
AMIGOS; abrir mão de preciosas horas de
descontração do nosso domingo; para postar-se numa fila em alguma das tantas salas sujas, descoradas,
mofadas e mal iluminadas de um prédio público qualquer ; numa rua esburacada,
com lixo espalhado ao longo das calçadas e mais ainda por vir, resultado das
campanhas com seus santinhos daqueles que de santo não tem nada, só se for “santo
do pau-ôco”, para votar – tem gente que mesmo sem opção, vota – ou simplesmente e mais sensatamente anular seu
voto – outros manifestam assim seu inconformismo e tem aqueles que,
corajosamente dão uma “banana bem dada”
e lá nem aparecem. Massa!
Uma democracia capenga, que
alardeia com orgulho a existência de uma lei inoperante e inaplicável – pelo menos
até então; que foi aprovada para evitar que políticos ficha-suja pudessem se
eleger, mas que com suas lacunas, brechas – verdadeira roupa nova já rota pelas
traças da desfaçatez e remendos da
impunidade; permite que tais se candidatem e depois... ah, depois, “amparados”
pela cascata de recursos judiciais e a tão conhecida celeridade processual, tomarão
assento em seus palácios e sabe-se Deus quando dali se levantarão, se é que o
tempo assim o permitirá.
E lá vamos nós, num domingo, tais
como bois a caminho do matadouro, cabisbaixos e conformados, fazer nossa lição
de “educação, moral e cívica” : escolher o “futuro” da nossa cidade, do nosso
estado, do nosso país. O futuro que meus
olhos alcançam não se me apresenta melhor que o passado já vivido, nem ao menos
mais esperançoso que o presente que vivo. Contudo, se acharmos consolo em acreditar que
pior não fica e a acomodação for o remédio, então podemos achar válida e
produtiva uma eleição de candidatos inexpressivos, despreparados, incapazes,
neófitos ou macacos-velhos ,
corruptíveis ou, reencarnadamente, corruptos - amadores ou profissionais.
Não que sejam todos, sem
exceção, “farinha do mesmo saco”, desmerecedores de nosso crédito e respeito. Existem
sim, políticos sérios, são poucos é verdade; ou melhor, são muito
poucos; talvez pouquíssimos; bem.. raríssimos casos; mas existem! Talvez não existam
mais porque desses já poucos; só uma ínfima
parcela ainda se sujeita a concorrer uma eleição, a colocar seu nome no paredão
das honras e respeitos perdidos e até mesmo, correr o risco de ser sepultado na
vala comum dos desqualificados.
E assim, mais uma eleição, mais
um domingo obrigatoriamente dedicado ao exercício da tão propalada cidadania. Enquanto isso, a cerveja, os amigos e o
reggae tem que esperar. O som
que ouviremos serão as manifestações dos
cabos eleitorais, de eleitores exaltados
e o tirililim
da urna eletrônica confirmando o
voto, para só então, você que já tinha
perdido seu tempo e sua esperança, com o
tilintar da máquina, poder voltar pra sua casa, ouvir o seu reggae e tomar sua
merecida “gelada”, exercitando enfim, a tão sonhada e verdadeira liberdade e democracia
. Ainda bem que não temos segundo turno, senão...